Jorge Courela e a vida em palco: «Divirto-me muito com as crianças»

Professor Jorge lança 'Sementes de Outono'

Jorge Courela é uma espécie de músico Peter Pan. Educador musical e autor de livros e álbuns infantis, como “As Canções do Professor Jorge”, “Zé Maria Catatua” e “Capitão Miau Miau”, diz sentir-se bem no meio das crianças e de as ver a renderem-se às suas histórias cantadas.

No final do ano passado lançou, digitalmente, o álbum “As Canções do Professor Jorge Vol.1” e 2017 tem-lhe servido para aproveitar determinadas épocas para dar nova vida às canções temáticas e ajudar os pequenitos a celebrarem em grande a passagem dos dias. O disco tem nove temas escritos ao longo de sete anos de sessões de música em creches e no ensino pré-escolar. As músicas acompanham as principais datas festivas que são comemoradas pelas escolas.

Depois de, a 16 de outubro se ter assinalado o Dia Mundial da Alimentação, com a ‘Valsa dos Alimentos’, agora é tempo de dar as boas-vindas (efetivas!) à estação do ano que estamos a viver com ‘Sementes de Outono’, a canção que está disponível mais abaixo. Antes que chegue o frio do ‘Natal do Capitão Miau Miau’, fui perceber de onde vem esta vontade de festejar com criaturinhas de palmo e meio…

Daniela Azevedo e Jorge Courela em outubro de 2017
Daniela Azevedo e Jorge Courela em outubro de 2017

Daniela Azevedo – Que projeto é este d’”As Canções do Professor Jorge”?
Jorge Courela – É um projeto que surgiu no seguimento das minhas aulas de música do pré-escolar, para onde fui convidado a dar aulas. Ao início recusei mas depois pensei que seria algo interessantíssimo e que, se calhar, tinha chegado a minha altura de servir um bem maior. Decidi que seria a oportunidade de fazer algo bom para mim mas também bom para as crianças. Este convite surgiu na altura em que fui pai, há oito anos, por isso, parece que tudo se encaixou. Sempre fui músico e compositor, compus para outras pessoas e toquei com outros músicos, por isso, estas canções foram um processo natural. Os temas surgiram nas aulas de música, ou seja, não é só uma canção e um texto; tenho a preocupação de passar os ritmos e compassos certos para as crianças ouvirem, interiorizarem em lenga-lengas e quero que, chegando a casa, comecem a cantarolar o que eu passo. Isto faz com que o ouvido se desenvolva e mesmo que eles não se tornem músicos profissionais ficam com uma abertura de espírito para escolherem o ritmo de que gostam mais, seja o clássico, o jazz,  o rock, a pop… porque a minha música vai para todas essas áreas.

DA – Já tens vários projetos lançados?
JC – Sim, sim… Eu comecei por escrever peças de teatro e fazer musicais. O primeiro foi o “Capitão Miau Miau”, uma peça de teatro que ficou muito conhecida e que, na realidade, é uma ópera-rock. Eu nunca pensei fazer uma ópera-rock porque não gostava do género. A seguir veio outra peça de teatro, o “Zé Maria Catatua”, que, musicalmente, já é outra linha completamente diferente. Gosto muito do formato canção e estas que escrevi para teatro fogem bastante desse padrão, são mais longas e sérias. “As Canções do Professor Jorge” são diferentes… são pop, rock sinfónico, bossa bova, samba… sem fronteiras!

DA – E chegámos ao mês de outubro que teve direito a duas canções temáticas: uma para o Dia da Alimentação e outra para o outono, que está atrasado…
JC – [Risos] Pois, parece que sim! Quando comecei a trabalhar com as educadoras e as crianças, percebi que havia um calendário escolar que era importante ser cumprido, por isso, pensei em escrever canções a combinar com o calendário escolar de forma a transmitir às crianças os ritmos e as melodias e conseguir encaixá-las dentro de um programa. Este ano estou a lançar quase todos os meses uma música nova. Até ao final do ano ainda vou lançar canções.

DA – Quem quiser ir a um espetáculo teu, como é que deve fazer?
JC – Estou a percorrer o país todo. Este ano vou conseguir terminar uma estrutura de palco de forma a caber numa carrinha que já tenho preparada em conjunto com outro músico que me acompanha neste momento. Também faço festas privadas e eventos para crianças, vou estar nas escolas privadas, ao ar livre… vou andar a correr porque sou um homem de palco e este projeto também foi feito porque me divirto muito em palco; tenho muito a veia do performer e do entretenimento e gosto de o fazer com as crianças.

DA – E como é o espetáculo? Tem muitos adereços?
JC – Sim, sim… não quero tocar em palcos muito grandes, para já quero fazer coisas pequenas porque quero estar muito próximo das crianças, o que não quer dizer que não sonhe com palcos grandes e ecrãs gigantes, sonho com isso, obviamente, e tenho projetos que quero concretizar, se a vida me permitir. Se não me permitir ficarei feliz a fazer o que estou a fazer para o resto dos meus dias porque o espetáculo que estou a fazer quase entra na casa das pessoas. Também faço festas de aniversário… ir às escolas fazer um concerto numa sala de aula e montar um palco num sítio pequeno onde tenho as crianças ao pé dos instrumentos dá-me imenso prazer. Distribuo instrumentos, lenços de cor, balões, máquinas de bolas de sabão e toda essa alegria é muito gira de proporcionar em salas para uma centena de pessoas.

DA – Como é que o teu lado de educador se mistura com o da música?
JC – Geralmente tenho o apoio das educadoras mas o que acontece é quase mágico. É importante que o educador musical tenha uma ligação às crianças mas acredito que a música tem um poder que, se for bem passado e bem transmitido através de nós, é mágico. Eu dou aulas em salas de 10 ou 15 bebés e não há nenhum que chore durante meia hora. Às vezes as educadoras e os pais não acreditam mas eu convido-os para assistirem às aulas. Isto tem a ver com o poder da música e com o amor que tenho naquilo que estou a fazer; quando estou naquele ambiente é maravilhoso.

 

 

Daniela Azevedo

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