Dois anos depois de se ter reunido com a sua banda de sempre, Ben Harper esteve na quinta-feira à noite, 17 de agosto, no Coliseu dos Recreios, mas a solo. A atuação a solo contradiz, de certa forma, a decisão de, há dois anos, se ter reunido com a banda que sempre o acompanhou e com quem não estava há sete anos: os Innocent Criminals.
Com uma entrada em palco totalmente instrumental, como escolheu fazer, já em encore, foi com ‘Lifeline’, o tema que fecha o álbum com o mesmo nome, de 2007, que o músico mergulhou totalmente a plateia numa espécie de por-do-sol musical onde tudo é tranquilo, bom e faz sentido. A chamada lap side guitar (uma Weissenborn, no seu caso) tem uma sonoridade que acompanha docemente cada palavra da poesia que é esta canção. ‘Walk Away’ manteve o embalo.
Com o concerto a mais de meio, vemo-lo passar para o piano, mais um raro e intenso momento “a dois” para ‘Born To Love You’, uma canção mais folk, de 2014, que o norte-americano chegou a interpretar em palco com a mãe. Por cá, não houve quaisquer participações especiais e o único movimento em palco era das fugazes aparições de alguém que o auxiliava a trocar de guitarras. Todas estas características que aqui se descrevem são-lhe inatas. Aos 12 anos o Harper menino já tocava e, dez anos depois, assinou o seu primeiro contrato discográfico com a Virgin Records.

When It’s Good é outra das absolutamente aviltantes. Embora quase consiga “dourar” a dor, é impossível ficar indiferente ao buraco emocional que este homem consegue lembrar em nós. Antes de nos deixar, ainda temos tempo de ouvir With My Own Two Hands, do álbum “Diamonds on the Inside”, de 2003, uma das poucas canções que lá conseguiu o consenso de ser cantada pelos fãs e deu direito a alguns braços no ar e uma chuva de aplausos…