A exposição “Colección Masaveu – Grandes Mestres da Pintura Espanhola: Greco, Zurbarán, Goya, Sorolla” chegou ontem ao fim, depois de ter sido visitada, desde novembro do ano passado, por mais de 30 mil apreciadores de arte antiga. Eu fui um desses visitantes, tendo escolhido a terça-feira de Carnaval, festividade que não aprecio em particular, para o fazer. Na tarde de 9 de fevereiro tive a sorte de ter a melhor guia que alguém pode pedir quando visita o Museu Nacional de Arte Antiga: a Adelaide Lopes.
Patente na Galeria de Exposições Temporárias do MNAA, a mostra foi promovida em parceria com a Fundación María Cristina Masaveu Peterson e a Ritmos, reunindo uma seleção de cerca de 60 obras de um dos maiores acervos privados de pintura que se conhece em Espanha.
Apesar de ser uma das coleções particulares mais importantes de Espanha, a “Coleção Masaveu” é também uma das menos conhecidas do público já que, embora sejam frequentes os empréstimos de obras para grandes mostras, foi exposta apenas três vezes e nunca na totalidade: no Museu do Prado e no Centro Cibeles, em Madrid, e em Lisboa, no Museu Nacional de Arte Antiga. Foi a primeira vez que a coleção saiu de Espanha.
Apaixonada pelo seu trabalho e com uma ligação às artes impossível de disfarçar, a Adelaide contou, com mais pormenores do que eu consigo agora partilhar, que a “Coleção Masaveu” foi construída ao longo de várias gerações por uma família de empresários e industriais, colecionadores e mecenas. Eram todos, naturalmente, muito apaixonados por arte e sabe-se que boa parte das obras foram adquiridas no estrangeiro e levadas para a Espanha. Estabelecida em Oviedo, Astúrias, desde a segunda metade do século XIX, a família foi juntado quadros desde o século XV até ao século XX, passando pelos vários períodos e influências que marcaram esses 500 anos de História como a Idade Média, Renascimento, Naturalismo e Barroco, por exemplo.
Um dos quadros de que mais gostei foi este (abaixo), de Santa Catalina de Alejandría. Data de 1640 e é da autoria de Francisco de Zurbarán (que pintava sobejamente melhor do que eu consigo enquadrar fotografias) 🙂
Na exposição há, claro, um domínio do Sagrado, de Jesus, da Virgem Maria e do Espírito Santo, sempre destacados com a predominância do dourado, quer em talha dourada, quer na mais simples folha de ouro.
O pintor valenciano Sorolla teve direito a uma sala só para si – a que finalizou a visita guiada. Nela pudemos ver mais luz e cores leves em sete pinturas representativas de praia, sol, mar, o famoso “Nadadores” e ainda o último quadro da exposição, de onde só consegui desviar o olhar para vir embora, representativo de uma grande e peculiar família abastada. «O senhor tem um ar muito arranjado», «Aquele charuto não estava aceso», «Está aqui uma menina vestida de menino»… Foi interessante ouvir o grupo a tentar adivinhar as circunstâncias em que o quadro fora pintado.