SBSR: a adrenalina Divina de Florence and the Machine

Florence Welch na edição de 2015 do Super Bock Super Rock, fotografada por Nuno Fontinha

Os concertos no Palco Super Bock despedem-se da edição de 2015 do festival com os ingleses Florence and the Machine – um fecho com indie rock com pós de fada da enigmática e etérea Florence Welch (na foto).

Depois de terem estado em Portugal em 2010 e terem cancelado uma actuação prevista para 2012, os portugueses estavam sedentos por este concerto dos Florence e, de certeza, não saíram desiludidos com o que daqui levaram. A madrugada de magia começou com ‘What The Water Gave Me’ do álbum “Cerimonials”, de 2011, e ‘Ship To Wreck’ do álbum de Junho deste ano “How Big, How Blue, How Beautiful”. Com umas calças brancas e uma túnica transparente, Florence Welch adoptou um visual que a faz parecer algo muito próximo a uma deusa que habitualmente vive nas florestas e bosques celtas, o que ainda é ajudado pelo facto de actuar descalça.

Desde que surgiu que o grupo tem vindo a crescer progressivamente, sempre bastante acarinhado pelos media, mas com uma legião de fãs a condizer e que não para de crescer. Para este fenómeno muito contribuiu o sucesso do terceiro tema do concerto: ‘Shake It Out’, do segundo disco. ‘Rabbit Heart (Raise It Up)’ e ‘Cosmic Love’ mantêm todo o MEO Arena a olhar siderado para o palco e para os ecrãs laterais para se envolver ainda mais na mensagem que Florence Welch tem para difundir: amor, amor e mais amor (parece ser um denominador quase comum nos concertos hoje em dia).

Uma obra-prima muito floreada a “furar” o nevoeiro é aquilo a que assistimos durante hora e meia de concerto com Welch a ser ovacionada a cada intervalo entre músicas sem que tenha de fazer nada; basta-lhe pestanejar e já uma multidão fica ao rubro. Com este “colo”, a artista não hesita em descer do palco (algo que fez várias vezes durante o espectáculo) para vir cumprimentar e abraçar os seus fãs. De uma das vezes “rouba” a coroa de flores de uma jovem e coloca-a na sua própria cabeça enquanto vai buscar uma bandeira de Portugal. Dá para não gostarmos dela? Não, de maneira nenhuma.

Descalça, Florence Welch atravessa o palco de uma ponta à outra a correr, aos pulinhos, a rodopiar ou contorcida em ataques de energia que sabemos quererem exemplificar o estado limite a que tantas vezes o Ser Humano tem de se sujeitar para passar pelas turbulências da existência, renovado e melhorado. ‘Delilah’ foi uma das canções que levou a esta “maratona-Welch”. As suas coreografias são excelentes.

‘Sweet Nothing’ acalma um bocadinho o ritmo que logo a seguir volta a ficar elevado com ‘How Big, How Blue, How Beautiful’, uma canção, segundo a própria, «sobre estar apaixonada por tudo». Em ‘Queen of Peace’ e ‘What Kind of Men’ a cantora assume um dramatismo de palco digno das melhores actrizes e acaba este segundo tema a atirar-se para o chão, depois de agarrar, com laivos de loucura, um rapaz das filas da frente. Em Spectrum (Say My Name)’ ei-la de novo a dar um abraço forte a uma fã. Neste momento alguns festivaleiros começam a abandonar o local, talvez pelo avançado da hora, mas a adrenalina Divina da banda não deixa, e muitos voltam para trás a correr assim que ouvem os primeiros acordes de ‘You’ve Got The Love’, o tema bónus do álbum de estreia, “Lungs”, em 2009.

‘Dog Days Are Over’ é o tema que faz de banda sonora ao apoteótico final. A vibração é altíssima e, descontrolada, Florence Welch tira a blusa e sai a correr pelo meio dos fãs só em soutien. Poderia estar tudo preparado mas lá que pareceu espontâneo, pareceu. E muito sobrenatural. Até a maturidade da artista sai fora dos padrões que a sociedade lá vai estipulando e dita novas regras para se definir aquilo que é bom. Florence and the Machine são filosofia musical.

Depois deste concerto estava capaz de tatuar “Florence + The Machine” mas já tenho algo muito parecido 🙂

Florence Welch na edição de 2015 do Super Bock Super Rock, fotografada por Nuno Fontinha
Florence Welch na edição de 2015 do Super Bock Super Rock, fotografada por Nuno Fontinha

Trabalho feito por Daniela Azevedo para o extinto site do grupo Media Capital Rádios: Cotonete – Música e Rádios Online

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