Quem não se lembra da Laís Brandão, da telenovela “Roda de Fogo” ou da apaixonada Letícia Ramalho da novela “Mandala”? Lúcia Veríssimo protagonizou a sua última telenovela há quatro anos mas revê-se totalmente no papel de realizadora que tem vindo a assumir.
No próximo dia 15 a atriz e realizadora vai estar em Lisboa, no cinema São Jorge, na abertura da quarta edição do Muvi – o único festival de cinema específico sobre música em Portugal, que decorre naquele espaço até dia 20 de novembro. O documentário de Lúcia Veríssimo, “Eu, meu pai e Os Cariocas – 70 anos de música no Brasil”, abre a edição deste ano do Muvi.
O documentário conta a história da música no Brasil a partir da Rádio Nacional até aos dias de hoje, tendo como fio condutor a carreira do maestro Severino Filho, fundador do grupo vocal Os Cariocas, responsável pela grande popularidade que a bossa nova atingiu no Brasil.
Inspirada pela frase de Tom Jobim “toda a música é o reflexo da sua época”, Lúcia retrata a importância da rádio na difusão de conteúdos culturais, em onda curta, nos anos 50, bem como as influências sociopolíticas que os artistas sofreram desde 1946 a 2016.
No total, Lúcia conseguiu juntar cerca de 60 depoimentos dos mais influentes artistas, musicólogos, escritores, maestros, compositores e historiadores para relatar uma história que ainda não tinha sido contada no cinema. O documentário, que é exibido na sala Manoel de Oliveira, do São Jorge, às 21h30 de 15 de novembro, foi idealizado, dirigido, produzido e narrado pela própria atriz e realizadora, filha do maestro, o que a torna parte integrante da história narrada. Numa conversa que tivemos tarde e noite adentro em Cascais, Lúcia admite que essa familiaridade só ajudou a engrandecer o resultado final.

Responsável pela câmara um, os depoimentos são dados com a intimidade de quem conversa cara a cara, fazendo assim com que o espectador se sinta integrado e privilegiado nessa partilha. No total, ouvem-se excertos de 134 músicas. Tudo graças ao arquivo de “mamãe”, disse-nos. Nesta verdadeira e longa conversa ficamos também a conhecer as histórias divertidas que Lúcia tem da “rádio que mexia com a imaginação”.