Depois de algum tempo de interregno, para dar lugar à paternidade e a outros projetos musicais, eis que os Squeeze Theeze Pleeze estão de regresso em 2017 e com o lançamento do EP “Mais Fácil”, cujo tema de apresentação está disponível mais abaixo.
É a primeira vez que o grupo de Cantanhede lança um tema em português, 14 anos depois da estreia em disco com a música ‘Ode To A Child (Bea)’, e no ano em que se assinalam 20 anos desde a formação da banda de pop-rock.
Com três álbuns lançados, muitos concertos e músicas nas principais telenovelas nacionais, os Squeeze Theeze Pleeze têm vindo a experimentar uma nova forma de se apresentarem ao público, enquanto acreditam que é tempo de apostar em músicas interpretadas nos dois idiomas.
A conversa com o vocalista Pedro Assalino, que não esqueceu os encantos da paternidade, desenrolou-se à volta de um café em ambiente acolhedor numa das muitas tardes de temporal neste início de ano em Lisboa.

Daniela Azevedo – Pedro, vocês, apesar de alguns interregnos, já cá andam há cerca de 20 anos e agora estão a regressar ao ativo. Como é que estão a ser recebidos? De certeza que há fãs novos que não vos acompanham desde o início…
Pedro Assalino – Agora temos uma coisa engraçada que são os filhos dos fãs. Não estamos propriamente a fazer um regresso pensado. Eu e o Pedro [Fonseca] tivemos outros projetos e, entretanto, também fizemos uma interrupção por causa das paternidades. Tanto eu como o baixista e o baterista fomos pais ao mesmo tempo e decidimos fazer uma pausa para nos dedicarmos às nossas famílias. Depois, quase todos decidimos seguir outra vida profissional além da música mas eu e o Pedro sempre mantivemos o contacto e surgiu agora a ideia de fazermos algumas coisas mas sem a pressão de termos de ir para estúdio e lançar um disco físico. Decidimos entrar pelo meio digital e fazer EPs. Vamos pegar em músicas que já existem, misturamos com músicas novas e vamos continuar a fazer o que fizemos neste EP: temos três temas novos e fomos repescar um tema para as pessoas associarem ao nome Squeeze Theeze Pleeze.
DA – É o caso do ‘Sometimes a Little Sometime’. Há diferenças, do ponto de vista sonoro, em relação ao tema original?
PA – Não, nenhuma. A música foi apenas remasterizada mas está exatamente igual.
DA – Mas tem um tema em português, ‘Mais Fácil’, e isso sim, é uma novidade na vossa carreira, certo?
PA – Sim, apesar de eu e o Pedro já termos feito um projeto em português, os Máscara. Estamos a experimentar. Nós sabemos do que somos capazes em inglês e escolhemos o inglês muito naturalmente porque todos nós na década de 80 ouvíamos música anglo-saxónica; não tínhamos, como hoje temos, tantas inspirações em Portugal. A questão do português foi um “porque não?”. O tema já estava escrito e gravámos a letra por cima da música. Quem está no management connosco neste momento, também achou interessante porque o mercado e as rádios têm apostado muito mais em músicas e bandas em português mas não o fizemos a pensar no lado comercial. O nosso manager também fez uma brincadeira e mostrou o tema a algumas pessoas sem lhes dizer quem cantava e a maior parte respondeu: “Isto parece-me Squeeze Theeze Pleeze”. É interessante conseguirmos manter a identidade.
DA – Ao longo dos tempos vocês tiveram a sorte de ter vários temas a integrarem a banda sonora de telenovelas e séries. É engraçado estarem em casa e ouvirem a vossa música, de repente, na televisão?
PA – Sabes que essa sensação tivemos quando ouvimos o primeiro single na rádio [risos]. Foi das melhores sensações! Hoje é um bocadinho mais normal porque também temos a Internet e facilmente nos ouvimos no YouTube e no SoundCloud, tudo chega facilmente a todo o lado, mas nessa altura era mesmo importante chegar à rádio e dar concertos. Foi interessante começarmo-nos a aperceber desse impacto na televisão muito graças à série juvenil “Morangos com Açúcar”. A verdade é que a série foi importante para nos dar um clique maior. Conseguimos tocar imenso de 2005 a 2008, as coisas correram muito bem. Em 2009 tivemos que parar e perceber o caminho a seguir e cá estamos outra vez para nos divertirmos e tentarmos manter-nos ligados a quem gosta de nós.
DA – Fala-me dos teus artistas favoritos. Não tanto os que te inspiraram há 20 anos mas aqueles que tens aí prontos a tocarem no teu smartphone, quem são eles?
PA – Eu continuo a ouvir muito vinil; discos dos meus pais… tenho ouvido muito David Bowie, não porque ele morreu mas porque é dos meus artistas favoritos. De resto, não gosto muito do que se está a fazer de novo. Acho que se está a caminhar para um processo muito plástico, a música está a perder algum valor, por isso continuo a ouvir Air, Laurent Garnier e Daft Punk, porque gosto muito da música eletrónica francesa dos anos 90, e depois ouço muito o rock e punk rock dos anos 90. Nos vinis gosto de ouvir Janis Joplin e Doors. Por exemplo, uma coisa estranhíssima é que a minha filha, de seis anos, gosta muito de ouvir Rod Stewart. Eu tenho um vinil dele ao vivo e ela começa a cantar aquilo e gera-se um momento interessante. Por acaso tanto eu como o Pedro temos gostos muito ecléticos. Quando ando de carro gosto de ouvir música clássica ou jazz. O resto não consigo ouvir.
DA – Vocês têm estado a experimentar um novo modelo de actuações. Como é que está a ser?
PA – Há alguns dias decidimos fazer um ensaio aberto ao vivo, ou seja, não é bem um concerto, porque não estamos preocupados com som nem nada disso. Estamos no meio da sala, como se estivéssemos a ensaiar no nosso estúdio, e as pessoas estão à nossa volta… Foi à tarde. Nós paramos, enganamo-nos, voltamos a tocar, falamos e, no fundo, damos a conhecer às pessoas uma parte da banda que ninguém conhece. Normalmente conhecem-nos dos concertos e das músicas mas não sabem como elas nascem, como são transformadas ao longo do tempo e foi essa partilha que quisemos fazer. Tem sido divertido para toda a gente. Nós acabamos por dar um bocadinho mais de nós do que num ensaio normal porque as pessoas nos estão a ver, estamos mais preocupados em não nos enganarmos e como correu bem estamos a pensar fazer isso mais vezes. Quanto aos outros concertos “normais” já temos datas marcadas para agosto e outubro. Temos músicos convidados, estamos a escolher reportório mas não estamos muito preocupados em fazer uma digressão. Queremos que esta música nova também tenha algum airplay nas rádios antes de darmos mais concertos.
Daniela Azevedo
Agradecimentos: Fábrica Imperial