Jurema Werneck, médica e fundadora da ONG Criola, organização conduzida por mulheres negras, que defende e promove os direitos das mesmas, falou com o Cidadania 2.0 sobre a campanha “Racismo Virtual Consequências Reais“, lançada na segunda metade do ano passado no Brasil. A campanha detetou que, muitas vezes, os comentários nas redes sociais são feitos a partir de perfis falsos, disfarçando a sua verdadeira autoria. Noutras, é claramente demonstrado o preconceito e o racismo.

O racismo virtual é diferente daquele que acontece cara a cara? Como?
Não. Virtual ou real, a agressão é a mesma. A Internet é só mais uma ferramenta que medeia as nossas relações, que incrementa a nossa experiência com o que entendemos por real. A maneira como agimos nas interações virtuais tem muito a ver com quem somos fora da Internet. A sensação de anonimato que a Internet proporciona amplia as vozes e revela coisas horríveis que antes eram faladas em sussurro. A Internet faz com que as pessoas se sintam livres para proferir comentários racistas. Um exemplo disso são as caixas de comentários de qualquer portal de notícias, nas quais observamos como é fácil as pessoas propagarem mensagens de ódio gratuitamente. Ódio esse que vemos e/ou vivemos diariamente fora da Internet, com inúmeros casos em que a cor de pele foi objeto de riso ou alvo da violência de um sistema de supremacia branca…
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