Plural no alinhamento e nas interpretações, Gal Costa mostrou-se alegre e com a sua voz a 100% ao longo das cerca de duas horas de concerto preenchidas por um generoso e diversificado alinhamento.
Antes das 22h00, Gal subiu ao palco para começar a cantar ‘Não se assuste pessoa, se eu lhe disser que a vida é boa’, numa celebração da vida, da alegria, da saúde e de tudo o que é bom, num mundo “virado do avesso”, como a própria nos diz.
‘Viagem Passageira’, uma composição recente de Gilberto Gil, feita para Gal, recuperou os elementos solenes que caracterizam a sua música, trazendo um cheirinho do Brasil antigo a que ambos nos habituaram. E assim assistimos a um dos mais longos períodos de conversa com os seus fãs, a lembrar a tropicália dos anos 60, quando passou exatamente na rua do Coliseu: “Lisboa está tão linda que dá vontade de viver aqui. Lembro-me de andar por estas ruas, nos anos 60, vestida de hippie louca, e das pessoas me olharem como se eu fosse um ET! E eu não entendia nada do vosso português”.
Quando a artista ficou sozinha em palco com Lucas Martins para ‘Lágrimas Negras’, foi momento de reflexão, do qual tivemos dificuldade em despertar ao ponto de a cantora perguntar: “Estão zangados comigo?”. Nada disso, estavamos a sonhar.
A voz de Gal Costa continua icónica, impecável, com cada palavra bem dita e cantada: ‘Vaca Profana’, ‘Azul’ e ‘Sua Estupidez’, embalaram-nos e cumpriram com aquilo que mais procuramos num concerto: ser levados para bem longe dali, num suave sonho feito de música. Saído de “A Pele do Futuro”, o tema ‘Oração de Mãe Menininha’ conta com a colaboração de Maria Bethânia na gravação e aqui foi também cantada a meias com os fãs lisboetas.
Será que Gal vai voltar? Por sua vontade sim, já que diz não estar a pensar reformar-se para já.