Pedro Mestre e o prémio Carlos Paredes: «Não é só meu; é de toda uma região que se preocupa com a sua cultura»

Pedro Mestre ganha prémio Carlos Paredes 2016

Pedro Mestre é o digníssimo vencedor da edição de 2016 do prémio Carlos Paredes atribuído pelo município de Vila Franca de Xira.

O músico foi distinguido pelo álbum de 2015, “Campaniça do Despique”, composto por temas originais e onde apresenta, com uma musicalidade mais moderna e atual, a tradição da viola campaniça que resgatou do esquecimento com esforço e empenho. A cerimónia decorreu a 3 de dezembro e contou com uma atuação do artista no Centro Cultural do Bom Sucesso, depois de ter subido ao palco o Grupo Coral Unidos do Baixo Alentejo. «Este prémio não é só meu; é de toda uma região que se preocupa com a salvaguarda da sua música e cultura», diz Pedro Mestre.

Instituído em 2003, o Prémio Carlos Paredes tem como objetivo homenagear um nome ímpar da cultura musical portuguesa e distinguir trabalhos discográficos de música instrumental não erudita, nomeadamente a de raiz popular, que tenham sido editados no ano anterior a cada edição e incentivar a criação e a difusão de música de qualidade feita por portugueses. «Carlos Paredes era um grande músico; um virtuoso. Faz parte da discografia que em minha casa sempre se ouviu», recorda Pedro Mestre.

O Prémio Carlos Paredes 2016 foi atribuído por um júri constituído por Vitorino Salomé, Pedro Campos, Ruben de Carvalho e Carlos Alberto Moniz, que analisaram um total de 20 candidaturas.

Pedro Mestre e Daniela Azevedo na cerimónia de entrega do prémio Carlos Paredes 2016
Pedro Mestre e Daniela Azevedo na cerimónia de entrega do prémio Carlos Paredes 2016

Pedro Mestre tinha 11 anos quando começou a ganhar o gosto pela viola campaniça, tocada pelo senhor Manuel Bento e pelo senhor Francisco António, em Castro Verde, no distrito alentejano de Beja. Hoje, Pedro Mestre tem entre as suas conquistas musicais o facto de ter conseguido fazer uma fusão da viola campaniça com a viola caipira, do Brasil, e o seu projeto Cante nas Escolas chega a milhares de crianças alentejanas que, a par dos pais e avós, têm agora orgulho e um interesse cada vez maior pelas suas tradições: «Esta música já não dizia nada a alguns pais mais novos que eu e avós pouco mais velhos. Inverteu-se, agora, a forma de transmitir estes saberes».

Falar com Pedro Mestre é deixarmo-nos contagiar pela sua enorme paixão: à terra que o viu nascer, à viola, ao cante e ao artesanato que, no Centro Cultural do Bom Sucesso, nos revelou que quer levar mais a sério em 2017.

A nossa conversa teve como ponto de partida a conquista do prémio, que tem o nome do guitarrista e compositor português, e está disponível aqui.

Daniela Azevedo

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