A Administração Pública, coletivamente, detém um vasto manancial de dados dos cidadãos e das empresas que podem representar um valor se estiverem disponíveis para ser acedidos e processados.
Um exemplo do valor económico dos dados é a sua reutilização integrada nos próprios processos de disponibilização de serviços públicos através da plataforma de interoperabilidade (iap.gov.pt), que existe desde 2007, e que desde o seu início já suportou mais de 1.800 milhões de serviços. Esta reutilização de dados (por entidades dos setores público e privado), gera benefícios reais, por exemplo poupança de horas de cidadãos e empresas estimada em mais de 400 milhões de horas, trazendo poupanças reais estimadas em mais de 6 mil milhões de euros.
Outro aspeto muito relevante para a geração de conhecimento é a partilha e reutilização de dados abertos, sublinha Sara Carrasqueiro, sendo que estes são dados que estão acessíveis em formatos abertos e que podem ser reutilizados por qualquer entidade e para qualquer finalidade, trazendo benefícios de diferentes tipos, nomeadamente eficiência de processos, conhecimento de contexto para antecipar ou adequar respostas, geração de novo conhecimento científico ou desenvolvimento de novos serviços e produtos inovadores.
Ao nível europeu existe também o objetivo de incentivar a partilha de dados abertos e sua reutilização, para que esta futura economia circular de dados venha a potenciar novos mercados e empregos dentro da Europa, contribuindo para o aumento da sua competitividade.
Arlindo Oliveira, Professor no Instituto Superior Técnico, também testemunhou uma aceleração digital com a pandemia de CoVid-19, o que implicou que, além dos dados estruturados, estejamos a assistir a um crescimento de dados não estruturados, colocando à sociedade desafios de um grande grau de complexidade.
Citando uma capa da revista “The Economist” de 2017, já trazida a debate pelo representante da Oracle, “data is the new oil. É verdade. É valiosa, mas tal como o óleo, se não for processada, não vale nada”.
Os dados em bruto não têm valor; só quando são explorados. Todos nós temos e fornecemos muitos dados, empresas e governos produzem muitos dados e dispõem de computadores suficientemente rápidos para os processarem e obterem novos algoritmos. Esta economia de dados é bastante grande: há 10 milhões de pessoas só a trabalhar na economia de dados e a gerar um valor de 700 milhões que se prevê que venha a crescer nos próximos anos. A partilha entre vários setores e agentes só acrescenta valor aos dados, e a sua importância vai continuar, embora a grande revolução venha a ser o crescimento dos dados não estruturados – que são muito ricos, mas não têm estrutura.
Estas são apenas algumas das conclusões que estão disponíveis neste documento.
Daniela Azevedo para a APDSI