Querido hater…

Viver nesta sociedade pode ser, realmente, cansativo. Haverá sempre alguém nos critica seja pelo que for, porque fizemos tudo e o seu contrário e, apesar de sempre termos ouvido os nossos pais e avós a dizer estas frases, quando chegamos a uma determinada idade percebemos por experiência própria que isto é mesmo fatual.

Mas para quem se acha na legitimidade de me enviar mensagens de ódio, dirigir-me hate speech e usar de uma ironia ruim nos meus posts, para vocês que usam o vosso jeito para a comunicação para me inferiorizar e incitar ao ódio pelo meu trabalho, só posso dizer que estão a dar um tiro no pé porque, a verdade verdadinha, é que não me conhecem. E, como para além daquilo que pode ser tonto e acho graça tornar público também vou trabalhando como ghost writer, nada vos safa de amanhã ou depois estarem a ler um texto do vosso interesse que saiu da minha cabeça. A cabeça que desde que entrou na antiga 1.ª classe, nunca passou um ano sem que estudasse mais. A cabeça que fez uma licenciatura, uma especialização, uma pós-graduação e um mestrado dos antigos e sem cábulas, mas que em tempos motivou o boato aceso por um “bom” colega de trabalho de que nem teria completado o 12.º ano.

Alguma vez te apercebeste que sou aquela mulher que sabe distinguir o carburador do cárter e também sabe distinguir verniz mate de endurecedor de unhas? A que gosta de pôr sombras coloridas nos olhos, mas jamais usaria pestanas falsas? Tanto sou “a gaja” que vês a trocar o pneu do carro à beira da estrada sem a tua ajuda, como te cruzas comigo na cabeleireira de senhoras finas a perguntar pelas vantagens de fazer madeixas. Gosto de usar aqueles ténis coçados num dia, e noutro enfiar-me nuns saltos altos. Tão depressa me podes ver com uma t-shirt Esmara que veio no mesmo saco das bananas, como com um lenço de seda da Hermès.

Amo o campo e posso estar um domingo inteiro fechada num centro comercial porque me apetece andar perdida nas Zaras da vida. Passo o ano todo a desejar que chegue o calor e quando o termómetro passa dos 30 graus queixo-me constantemente. Hoje vivo de recibos verdes, amanhã posso vir a ser tua chefe. Divirto-me com música pop e também com composições instrumentais de jazz. Emociona-me a morte do Zé Pedro, mas também a do Michael Jackson. Sei de cor um monte de falas do “Dirty Dancing” e vais ver-me, mais um ano, com o passe diário para o MotelX. Nada tem a ver com nada nesta Daniela.

Já moderei debates com ministros e universitários, na mesma semana em que me ouviste a dizer que ia estar “solinho bom para os ossos” aos ouvintes da Rádio Voz de Alenquer. Já comuniquei tarô e indústria 4.0. O computador onde edito os meus vídeos de unboxing e, nas tuas palavras, “me armo em influencer de rugas que devia era estar a mostrar medicamentos”, é o mesmo onde disserto sobre os possíveis impactos do 5G na sociedade naquele artigo que leste ontem. Não tive filhos biológicos por opção minha e, no entanto, criei um podcast para crianças. Nada em mim bate certo para ti. E não tem que bater. Não uses isso para disseminar a mensagem de que sou má pessoa ou burra; é um comportamento parvo e ordinário da tua parte.

Não tenho um Mercedes estacionado na garagem, porque preferi comprar duas para guardar os carros velhos que tenho em meu nome porque quero e gosto deles assim: enferrujados, descolados, a “queimar mal” e sem A/C. Não tenho casa de férias no Algarve porque prefiro fazê-las em países e culturas distintas deste lodo em que vives e de que te alimentas. Tenho tatuagens e não sou uma herege por isso; simplesmente não acho que “profanei” aquilo que Deus me deu ao eternizar símbolos que marcam fases da minha vida.

Não como e não me parece que volte a comer animais, mas não deixes o queixo cair quando percebes que sou rechonchuda. É porque também dou tudo por um naco de miolo de pão com manteiga de amendoim e sou viciada em chocolate. Já agora… lembra-te que me criticas hoje que tenho peso a mais e manchas na testa, da mesma maneira que me fazias bullying quando pesava 56 quilos, tinha pele de rabo de bebé e um cabelo louro estendido pelas costas, qual atriz de Hollywood ou princesa pequenina. Posso perder peso, mas para isso tenho que dar duro num ginásio onde agora prefiro não entrar para não acabar numa cama de hospital. Antes gorda que morta, mas eu sei que defendes o contrário para a minha passagem pela Terra. Afinal, vale tudo para eu deixar de ocupar os lugares que tanto me invejas.

Lembras-te quando escreveste num fórum de rádios nacionais que, depois do trabalho, “a locutora Daniela Azevedo” apanhava a linha verde do metro para ir para a “má vida” no Intendente? Estava a fazer nessa zona um curso de legendagem com um sistema informático que nem sonhavas que existia. Gira a vida, não é?

Tenho uma máquina de lavar roupa antiga, um frigorífico que não serve gelados, mas não resisto a ter o melhor iPhone que consigo comprar porque é, realmente, o melhor telefone. Apenas e só por isso. E a opinião que aqui dou sobre o iPhone, amanhã já pode ser outra porque, entretanto, li mais, informei-me melhor ou tive uma experiência contrária e as pessoas que, como eu, não cabem em caixinhas, mudam de opinião. Deal with it!

Sou tudo isto com uma grande segurança e convicção de que faço o que está ao meu alcance para ser feliz. Não encaixo em definição nenhuma que te ocorra e sou uma dor de cabeça para as empresas de estatísticas e estudos de mercado. Não me conheces, não sabes quem sou nem como sou e muito menos saberás o que me motiva a fazer o que vês publicado no meu blogue ou nas redes sociais. Porque não te interessa. Porque, simplesmente, não prestas.

Daniela Azevedo

Foto: Filipe Pedro

7 comments

  1. Raul Gomes Reply

    Bem, só me apráz dizer que essa “gente” ou “pessoa”, além de não te conhecer de todo, é uma Besta com todas as letras.
    “Os cães ladram mas a caravana vai passando. Por vezes com muita dificuldade e sacrificio mas vai passando”
    O pior que se pode fazer é dar “importância” a essas “coisas”.
    Tu és um Ser Humano ENORME e uma verdadeira e multifacetada PROFISSIONAL e posso comprovar isso a quem quiser dentro da humildade do meu Projecto que – com muita HONRA – te tenho como Colega!

  2. Susete Malia Reply

    Lindo Daniela!
    A inveja é assim … mas tu com o teu sorriso matas qq idiota
    Um abraço

  3. Carlos Santos Reply

    Conheço-a (?) bem Daniela. Já nos cruzamos na Voz de Alenquer, em debates de natureza política, moderados por si. Poucas vezes é verdade.
    Li o seu texto, na verdade um texto de rara beleza e verdade que a honra bem enquanto mulher e enquanto jornalista. Na verdade e isto pode parecer piroso ou antiquado, mas é um texto que também honra bem o seu sexo.
    Penso que a Daniela terá já tropessado em tuites meus recentemente.
    O Twitter esta-se tornando para mim, ultimamente, uma forma de intervenção política e não só.
    É uma forma de luta contra podres de diversa natureza, no país e no mundo. Uma trincheira de combate.
    Acho que vou estar mais atento a si.
    É o mínimo que posso dizer e fazer.

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