Ivan Pedreira, baixista, compositor, cantor e produtor está a lançar o seu álbum de estreia a solo, “FuzaMiura”. Enquanto baixista, Ivan já tocou com Paulo Gonzo e Sandra Fidalgo, por exemplo. “FuzaMiura” é onde Ivan Pedreira se mostra na composição, produção, baixo e voz, e que tem a colaboração de Bruno Nogueira (Nozes), na guitarra e produção, e de Carla Entrudo, nas letras.
O nome do álbum assenta na dualidade masculino/feminino que reside no interior de cada um e no centro de todos os relacionamentos: Fuza, a sensibilidade, delicadeza e fragilidade do lado feminino; Miura, a força, robustez e determinação do lado masculino. ‘Ser Alguém’, cujo vídeo está mais abaixo, é o single de estreia.
A mensagem a retirar do disco é a de que todos temos valor, mesmo que ainda não o tenhamos descoberto em nós próprios. E se cada dia é um novo dia, com uma nova energia, como nos diz o Ivan, então que a de hoje seja a de o conhecer melhor.
Daniela Azevedo – Ivan, como é que se deu essa tua passagem de baixista para um rapaz a solo?
Ivan Pedreira – O baixo é o meu instrumento de eleição, foi com ele que comecei muito novo a tocar em bandas com os meus irmãos. E neste contexto familiar sempre houve espaço para a criatividade e para a voz expressiva de todos nós, a nossa sonoridade era realmente “nossa”, as músicas eram criadas em banda. Não foi fácil ultrapassar o terminar deste nosso projeto, apesar de ter sido um processo natural e evolutivo de grupo, com a concordância de todos. Cada um de nós acabou por seguir o seu caminho e, no meu, apenas tocar baixo como profissional para outros projetos não me realizava na totalidade e não me preenchia como pessoa. Passar a ser um “rapaz a solo” como dizes, acabou por ser a resposta à minha necessidade de independência e à minha necessidade de criar e partilhar as minhas ideias e sentimentos. Descobri neste percurso que sou muito mais que apenas baixista, sou músico na plenitude do que possa significar ser músico, e que posso e devo não só dar voz ao que faço, como posso e devo dar oportunidade e orientar outros músicos a darem, também eles, voz a si próprios.
DA – “FuzaMiura”, o que significa?
IP – “FuzaMiura” significa dualidade. Dualidade entre masculino e feminino. É baseado na dualidade existente nos relacionamentos, mas também no interior de cada um de nós: Fuza (fusa) que é uma nota rápida, delicada, representa a sensibilidade, delicadeza e fragilidade do lado feminino; Miura, que demonstra a força da linhagem do touro espanhol, representa a determinação e robustez do lado masculino.
DA – Como descreverias a tua sonoridade?
IP – É decididamente um pop/rock. É uma sonoridade jovem, mas com maturidade. É fácil de ouvir, mas não é fácil tocar. A mensagem é honesta, pessoal e sentida, mas com espaço para te reveres e para a adaptares à tua realidade.
DA – O álbum contou com a colaboração de Bruno Nogueira (Nozes) na guitarra e produção, e de Carla Entrudo nas letras. Como foi juntá-los? Em que medida a experiência deles influenciou o resultado final?
IP – Este álbum teve a sua origem numa fase em que a Carla Entrudo esteve muito presente na minha vida e ela teve uma grande influência na construção do projeto. A junção das letras da Carla com a música que eu compunha foi um processo muito giro, criativo e envolvente para ambas as partes. Costumo dizer que eu criei a estrada e a Carla traçou o caminho. O Nozes acabou por se cruzar connosco com a sua guitarra ao ombro, alinhou, e seguimos viagem! E claro que também ele influenciou o resultado final. Eu sou um músico compositor que dentro do que crio dou espaço criativo a quem quer tocar comigo, quero que se representem na música que tocam, que sintam o meu projeto como o seu projeto. E o Nozes abraçou este álbum como seu, foi quem manteve o projeto vivo, sempre persistente e motivado, mesmo nas alturas mais difíceis desta viagem. Se chegámos até aqui foi porque ele nunca desistiu de nos acompanhar!
DA – O que te sai mais facilmente: a música ou a letra? Ou a inspiração vem em simultâneo?
IP – É um misto, mas acho que a música sai mais facilmente. No entanto, como vem sempre inspirada por um sentimento, uma emoção, uma ideia, uma imagem que carrega em si uma mensagem que quero partilhar, a letra nunca vai aparecer forçada mas sim espontânea e naturalmente.
DA – Quem é o teu público? Tens essa noção?
IP – Acho que sei, tenho a noção que pode ser um público muito vasto, abrangente de vários grupos etários, provavelmente mais feminino que masculino, mas em que ambos os géneros encontram razões para gostarem. A minha música é original, não soa a nada nem a ninguém do mercado musical, nem tem características que a orientem numa tendência específica de sonoridade. É mais fácil quando te inseres num mercado específico e delineado. Mas eu gosto de sentir que, para alguém ser o meu público, basta querer ouvir e sentir a música de uma forma honesta e sincera, sem expectativas ou preconceitos, e que se não se apaixonar à primeira audição, a música vai acabar por crescer em si e vai acompanhá-la na sua viagem.