Colton Benjamin sobre o álbum de estreia “Pirate Route”: «O vinil é uma das hipóteses»

Colton Benjamin sobre o álbum de estreia "Pirate Route"

Colton Benjamin é um nome que vai ficar “favoritado” nas playlists dos amantes de jazz e soul. Quem gosta deste género musical costuma passar o inverno recolhido por entre os grandes clássicos para, na primavera, dar a oportunidade da descoberta a novos valores mas, neste caso, não é preciso esperar por 20 de março para nos deleitarmos com uma voz que nos embala no doce perfume de um jazz de nova geração.

Colton Benjamin começou a cantar no grupo de hip hop/soul Legião Vermelha e de seguida como figura principal da banda Bambs Cooper. Depois de anos como voz de apoio a vários artistas portugueses, “Pirate Route” é o disco de estreia do cantor luso-angolano, nascido em Lisboa, que se refugia nas suas próprias experiências para, em ritmos como o jazz, a soul e o funk, nos contar histórias de altos e baixos nos caminhos do amor ou resultantes do cruzamento de culturas vivido nas suas muitas viagens entre Londres e Estocolmo, por exemplo.

Neste primeiro trabalho, lançado pela Farol, Benjamin contou com a colaboração de Paulo Carvalho, dos Nu Soul Family, Pedro Mourato, dos Skills & Bunny Crew, e do jazzman Miguel Teixeira. E no meio das suas muitas viagens, o cantor aceitou falar sobre esta lufada de ar fresco chamada “Pirate Route”. Mais abaixo, encontras o vídeo para o single de estreia, ‘Sail Away’.

Colton Benjamin sobre o álbum de estreia "Pirate Route"
Colton Benjamin sobre o álbum de estreia “Pirate Route”

Daniela Azevedo – “Pirate Route” marca a tua estreia discográfica depois de um percurso musical que não se tem feito em Portugal. Qual foi o caminho percorrido até aqui?
Colton Benjamin – 
Começou um pouco por brincadeira com a Legião Vermelha e a influência do movimento hip hop nacional no final dos anos 90. Acho que só depois com Bambs Cooper e as participações noutros projetos, onde tive o prazer de partilhar o palco com artistas como Jorge Fernando, Dino Santiago, Virgul e Nuno Guerreiro, é que comecei a encontrar a minha sonoridade e a aprofundar as minhas relações com a música negra no geral. Acabou por ser um processo natural que resulta neste álbum, que naturalmente tem essas diferentes influências.

DA – ‘Sail Away’ é um tema onde se notam muitas influências jazzísticas. Quem são os nomes que mais horas ouviste para te inspirares?
CB – Há muita coisa dos anos 60/70 e também dos 90 que me ajudou a encontrar a minha sonoridade. Desde Jimi Hendrix, Fela Kuti, Isaac Hayes, Tim Maia, John Lee Hooker, Johny Cash, Gil Scott Heron ou Curtis Mayfield, a outras ondas dos anos 90 como D’Angelo, Jamiroquai, ou artistas mais recentes como Gregory Porter ou John Legend, há muita coisa por aí que gosto de ouvir e que me influencia, ao ouvir o álbum conseguem perceber-se algumas destas mais do que outras.

DA – O álbum é todo assim [como em ‘Sail Away’]? Está prevista a edição em vinil?
CB – O álbum viaja um pouco pelo jazz, funk, soul e blues fazendo essa ligação pelas sonoridades com que mais me identifico. O vinil é uma das hipóteses, nesta primeira fase a edição foi apenas digital mas nos próximos tempos prevê-se uma edição provavelmente limitada num formato físico que ainda não está definido.

DA – “Pirate Route” vai chegar aos palcos portugueses?
CB – Estou, juntamente com as pessoas que me acompanham nesse processo, a definir os próximos passos, podem manter-se informados tanto através do meu site como pela página de Facebook que atualizamos com toda a informação relativa à agenda, novos lançamentos e acaba por ser uma forma direta de contacto com os que gostam do meu trabalho.

DA – Tocas sozinho em palco?
CB – Tive o prazer de contar com alguns amigos de longa data que tanto colaboraram no álbum como me acompanham ao vivo, como o Pedro Mourato (Skills & the Bunny Crew) ou o multi instrumentista Miguel Teixeira. Ao vivo vão acompanhar-me também Zé Valério (Brass Wires Orchestra) no saxofone, Cláudia Fernandes e Sara Rasoilo, nas vozes, Jackson Azarias, no baixo e Eron Gabriel, na bateria.

DA – Legião Vermelha e Bambs Cooper foram dois projetos dos quais fizeste parte. O que aprendeste nessa altura foi determinante para o artista que és hoje?
CB – Representam duas fases da minha vida. Legião Vermelha surgiu um pouco por brincadeira na adolescência, influenciados pelos movimentos de hip hop nacionais do final dos anos 90. Em Bambs Cooper já olhava para a música de outra forma, acho que aí comecei a encontrar a minha identidade artística, tive a oportunidade de partilhar o palco com outros músicos e de fazer alguns bons amigos no meio que duram até hoje.

DA – Achas que hoje em dia, com festivais temáticos, é mais fácil fazer-se e consumir-se jazz em Portugal?
CB – Há uma série de novos festivais que têm, sem dúvida, contribuído para uma maior diversidade cultural, vejo isso de forma muito positiva não só como músico mas também como espectador, temos cada vez mais oportunidades durante o ano de ver artistas no nosso país que não tinham essa rotina de passar por cá, é uma grande mais valia para todos os intervenientes.

DA – Quanto tempo passas em Portugal atualmente? Quando cá estás qual é o monumento ou local que não consegues deixar de visitar?
CB – Neste momento estou a residir em Portugal, sendo um sintrense de gema passo bastante tempo na “minha” vila, assim como na parte velha da capital. Não sinto que deva destacar algum, acho que todos contribuem para a misticidade da nossa cidade luz, não só os monumentos como espaços culturais no museu da Eletricidade, a Gulbenkian ou o Museu do Fado, por exemplo.

Daniela Azevedo

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